Ficha de Leitura - Ricardo Loureiro
Título:
"O Direito à Escolha em Educação" de João M. Paraskeva e Wayne Au.
Capítulo IV: "As falsas premissas e as falsas promessas do movimento de privatização do Ensino Público"Willis D. Hawley
Palavras-chave:
Educação Pública; Educação Privada; Falsas Premissas; Falsas Promessas;
Ideias Principais:
Este capítulo aparece-me como um alerta a balancear e contrapor as realidades distintas da educação pública e a educação privada. E nele vem, primeiramente, um alerta para a segregação que poderá ser induzida pelo investimento público no sector privado e, por outro, um retrato das premissas falaciosas que fundamentaram os votos favoráveis à escola privada.
Enumeradas seis premissas que fundamentam (e/ou iludem!) a tentativa de implementação do sistema de ensino privado que são:
- Afirmar que a qualidade do ensino público decaiu;
- Que o ensino privado se preocupa mais com o sucesso escolar;
- Mais opções para os pais irá fomentar a competição das escolas pelos estudantes;
- Mais poderio económico parental para escolher as escolas privadas encorajaria o melhoramento do mercado;
- Dar aos pais cheques-ensino fará com que todas as crianças tenham a mesma oportunidade para frequentar escolas privadas;
- A disponibilização de fundos públicos para as propinas das escolas privadas é ilustrada como expansão e sucesso na escolha das escolas.
No seguimento de tal exaltação e aparatosas propostas do ensino privado, se destapa o véu de alguns dos efeitos colaterais que, (in)conscientemente se escondem de todas as suas proclamadas "virtudes": o arrastar de custos incontroláveis e uma possibilidade real de estes sistemas privados privarem e debilitarem a educação pública, com a mais que provável e inevitável redução de fundos.
Conclusão:
Por fim, nesta ampla documentação teórica, se afere os prós e contras de uma ou outra via educacional, onde persiste um furor gritante pela valorização dos fundamentalismos privados.
Com premissas falaciosas, que sublinham os pontos de vista que lhes convém e procuram deturpar alguma da verdadeira essência da realidade, os sistemas privados pretendem levar avante sua teoria. Recuperando a primeira premissa, onde asseveram a decadência da qualidade, a mesma jamais havia sido comprovada. Não há, nem houve nenhuma tendência educativa que comprove tal crença.
Um outro apontamento vai, e muito sensível de diagnosticar, para os custos "escondidos" dos cheques-ensino uma vez que não se equacionaram verdadeiramente os valores em causa. Extraindo uma frase do texto: "Se se pretendesse dar cheques-ensino aos alunos que neste momento frequentam escolas privadas e a um número idêntico de estudantes que frequentam escolas públicas, o custo adicional público da educação nos Estados Unidos seria superior a 25 biliões de dólares".
Creio, no fim de tudo isto, que nos deveríamos preocupar e nortear por um caminho que, muito para além das políticas socioeconómicas que lhes estivessem inerentes, favorecesse o desenvolvimento intelectual e moral das crianças, independentemente da via ensino escolhida.